O Teatro Sylvio Monteiro, no Centro de Nova Iguaçu, viveu na noite desta quarta-feira (11), um grande encontro da literatura da Cidade. Alguns dos principais representantes da história das letras iguaçuanas e também a nova geração, cheia de entusiasmo, se reuniram para receber os livros do edital do II Prêmio Literário Antônio Fraga, editados pela Prefeitura de Nova Iguaçu, através da Fundação Educacional e Cultural de Nova Iguaçu, a Fenig.
O Prêmio Antônio Fraga contemplou 30 escritores do município que criaram contos e poesias com o tema DNA Iguaçuano. Através de chamamento público, o edital convidou escritores a explorarem as origens e as características do município. O livro, que reúne essa seleção, é uma vitrine para os novos talentos do município e traz também veteranos que estão em plena atividade na produção literária. O evento contou com o apoio das Secretarias Municipais de Cultura, Educação e de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo.
“Parabenizo os escritores que participaram do edital e que acreditaram no trabalho que a Fenig vem desenvolvendo no Programa Municipal de Incentivo à Leitura e à Escrita da Prefeitura de Nova Iguaçu, com o apoio do Prefeito Rogerio Lisboa, para democratizar o conhecimento e promover a produção literária na nossa cidade”, destacou o presidente da Fenig, Miguel Ribeiro.
“Que as pessoas, em especial os jovens, que lerem esse livro DNA Iguaçuano, se identifiquem com seu território, suas belezas, o amem, o admirem mais e se instiguem a se atrever nessa linda jornada que é escrita. Escrever é uma das formas mais revolucionárias de se expressar e se posicionar no mundo. Que possamos continuar revolucionando através das letras, da palavra, da escrita e também da leitura. Escrever também e deixar memórias afetivas e efetivas de sua existência nessa terra”, afirmou Lisa Castro, do Instituto Enraizados, de Morro Agudo, uma das autoras de poesias do livro.
A escritora Lírian Tabosa, uma das personalidades mais emblemáticas de Nova Iguaçu, foi a homenageada da noite. Ela gentilmente cedeu dois de seus poemas para a publicação: “Para nós” e “A Antônio Fraga”. Outro grande representante da literatura na Baixada, Moduan Matus, também subiu ao palco para representar os autores veteranos que estão no livro. Carlos Mendes, do Aleatórios, representou a tradição dos coletivos literários da cidade. A neta do escritor Antônio Fraga, a artista e produtora cultural, Camila Rosafé, também prestigiou o evento. A Secretária Municipal de Educação, Maria Virgínia Rocha, destacou a importância da leitura e a parceria com a Fenig nas ações de incentivo à leitura e à escrita.
Além de receberem exemplares do livro “DNA Iguaçuano”, os autores autografaram a publicação e fizeram leituras dos textos para a plateia. Um sarau literário, na área externa do teatro, encerrou a noite que marcou a história cultural da Cidade.
Na primeira edição do Prêmio Antônio Fraga, em 2023, o livro “DNA Nordestino de Nova Iguaçu”, contou com textos de 15 estudantes da rede municipal, selecionados em edital. Os livros, editados pela Fenig, foram distribuídos nos principais eventos da cidade e viraram acervo de bibliotecas das escolas da rede municipal com turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e do ensino fundamental 2, que participaram do chamamento público.
O Prêmio Antônio Fraga é uma homenagem ao escritor que viveu na Baixada Fluminense e se notabilizou por obras como o livro “Desabrigo” (1942) e o poema dramático “Moinho” (1957), além de contos, crônica e ensaios, reconhecido por artistas e intelectuais como um dos mais habilidosos escritores da linguagem do povo.
Nascido em 1916 no Rio de Janeiro, na base social mais popular, ele foi lanterninha de cinema, vendedor de siri e muitas outras profissões até abraçar a literatura. A vida na região do Mangue deu ao autor uma base rica de elementos para descrever a camada social marginalizada e criar personagens e cenas com profunda originalidade. Conhecedor do linguajar do povo, a escrita peculiar de Fraga o fez reconhecido por artistas e intelectuais.
Nos anos 1960, o escritor migrou para Queimados, quando o município ainda pertencia à Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Em 1985, Fraga voltou à evidência após conceder uma longa entrevista ao jornalista e escritor Zuenir Ventura, que o reapresentou ao público através do Jornal do Brasil. A vida e a obra de Antônio Fraga também foram detalhadas no livro “Antônio Fraga, um personagem de si mesmo”, da escritora e pesquisadora Maria Célia Barbosa Reis da Silva, que traça um relato fundamental para a compreensão do artista. O escritor morreu em 1993.