O filme “Conexão” estará na mostra Short Film Corner no Festival de Cannes
“Conexão” é um curta-metragem realizado por estudantes bolsistas de Cinema na PUC Rio. Gravado imediatamente após o retorno aos estudos presenciais em 2022 e financiado por vaquinhas virtuais, o filme é fruto do esforço coletivo de dezenas de estudantes famintos por produzir após uma longa pandemia.
Após dois anos de pós-produção, o filme foi selecionado para o Festival de Cannes, na França, na mostra Short Film Corner e contará com sessão exclusiva no dia 22 de maio. Os realizadores Julie Ketlem e Gabriel Guimarães somarão aos representantes do Brasil em um dos maiores festivais de cinema do mundo.
Na trama, em um mundo em constante mudança, a auto-conexão de Valentina desaparece. Buscando refúgio nas mídias sociais, seu santuário desmorona com seu WiFi. Perseguida por sua própria ansiedade, ela percebe que a verdadeira ameaça está em seu interior. O suicídio não é sua solução.
“Conexão foi meu primeiro filme, a ideia surgiu na pandemia e foi escrita com um desejo muito grande de ir gravar. Esse desejo precisou ser suprimido e o roteiro foi sendo revisto. Hoje nasce um thriller que simboliza toda a angústia sentida naqueles tempos sombrios. Foi um projeto sem nenhum financiamento, gravado com crowdfunding e com um orçamento de produção de 2 mil reais. Eu percebi a oportunidade assim que voltamos ao presencial na universidade, convidei amigos e pessoas interessadas em estar em um set para trabalhar no projeto. Foi o primeiro set de todo mundo ali basicamente, aprendi muito com essa experiência. Nunca desisti do filme, apesar dos erros, dos tropeços, das dificuldades, sempre busquei soluções criativas. A animação, hoje em dia uma das minhas partes favoritas, surgiu como solução de um problema e hoje não consigo imaginar “Conexão” sem ela. Atuar e dirigir ao mesmo tempo foi um outro grande desafio, mas que me deixou apaixonada. “Conexão” teve sets de 18 horas de duração, um absurdo de tempo de trabalho que foi necessário pela falta de recurso financeiros. Tínhamos o dinheiro para aluguel dos equipamentos para dois dias. Precisávamos fazer o filme em dois dias. Depois de dois anos de muito trabalho coletivo e persistência em terminar o projeto, nasce hoje um curta que eu me orgulho muito de fazer parte da minha trajetória. Nesse projeto encontrei alguns parceiros para a vida toda, como Gab, meu diretor de fotografia que irá comigo para Cannes e com quem estou trabalhando para abrir a nossa produtora em Pernambuco. Eu aprendi tanto nesse processo de finalizar um curta independente, me sinto redundante em falar isso, mas é, de fato, a melhor escola”, conta Julie.
Julie Ketlem, a diretora, é atriz, diretora e roteirista. Ela é natural de Caruaru-PE, veio ao Rio de Janeiro para morar sozinha aos 15 anos para estudar atuação e por ter conseguido uma bolsa de estudos no ensino médio. O caminho no cinema começou atuando em obras audiovisuais. Isso resultou na descoberta de que ela ama estar tanto na frente das câmeras, quanto por trás, como é o caso em “Conexão”. Hoje , com 23 anos, ela participou de mais de 20 peças de teatro, recebeu prêmios por suas performances, direção e roteiro, incluindo no monólogo “Severina”. Ela é graduanda em Cinema na PUC-Rio com bolsa integral, Julie faz os domínios adicionais em Artes do Espetáculo e em Empreendedorismo. Ela estagiou em diversas produtoras e empresas de comunicação, agregando diferentes conhecimentos no audiovisual.
Julie foi selecionada para a Bolsa Ernst Mach pelo governo austríaco em 2022, com a qual ela pode passar um ano expandindo seus horizontes, hoje é fluente em inglês e tem alemão intermediário. Seu filme de estreia na direção, o curta “Conexão” é um projeto independente que incorpora elementos de animação, sem diálogos e com uma direção ousada. No momento, ela está na produção do seu primeiro documentário curta, com gravações no fim de abril e começo de maio. Também está na pré-produção dos seu próximo curta ficcional “Tinta Vermelha”, que será gravado em junho. Em paralelo, ela aprovou o próximo curta “Café com Barro” em um concurso federal e o filme será gravado em sua cidade natal, Caruaru. Julie também está desenvolvendo seu primeiro longa-metragem, “Desalmada”, aprovado pela Lei de Incentivo Paulo Gustavo. Ela trabalhou em produções nacionais em diversas funções, compôs o elenco do longa Espumas ao Vento (2022), exibido no 55• Festival de Brasília na Mostra Competitiva.
Além disso, Julie é reconhecida por sua mente aberta e dedicação à sua identidade artística, valorizando o papel da poesia e da mise-en-scène no processo criativo. Além do cinema, Julie deixou sua marca na literatura, ganhando concursos de poesia nacionais, como o Tâmaras (Polo Cultural e Amazon) e publicando seu primeiro livro aos 15 anos “Brisa em Prosa”.
O diretor de fotografia Gabriel Guimarães é nascido e criado em Nova Iguaçu. Ele iniciou na fotografia em 2016 e é fotógrafo reconhecido pela prefeitura de sua cidade, contemplado pelo Prêmio Jota Rodrigues. Atua como diretor de fotografia e assistente de câmera em longas e curtas metragens documentais e ficcionais, peças publicitárias e séries. Com participação em aproximadamente 50 projetos audiovisuais, Gabriel se destaca pela direção de fotografia de “Céu de estrelas”, contemplado pelo edital LabCurta (FUNARJ), “Como Chorar sem Derreter”, estrelado por Betty Faria, e “Alegoria da cidade”, premiado como melhor curta metragem universitário no Festival de Petrópolis.
É estudante bolsista de Comunicação Social/Cinema na PUC-Rio, cursou “Direção de fotografia” na Academia Internacional de Cinema em 2021, em seguida trabalhou como auxiliar de fotografia e ministrou aulas de câmera e introdução à iluminação para os cursos de Documentário, Direção de fotografia e Cinema. Como instrutor, Gabriel ministrou oficinas de: percepção da luz e apresentação da câmera cinematográfica nas Bibliotecas Parque de Manguinhos e Centro, pelo projeto “Parque de Ideias” por dois anos seguidos; e Fotografia, iluminação e captação de som para documentário na Fundação Darcy Vargas, para o projeto “Nossas Memórias em Histórias e Imagens” (FAPERJ).