Galeria de Artes Fenig destaca nuances do cotidiano em exposição que exalta o Mês da Consciência Negra

Imagem destacada Bia Chaves

Moradora do bairro da Cerâmica, em Nova Iguaçu, a professora e artista plástica Beatriz Chaves é o destaque na Galeria de Artes Fenig, no Mês da Consciência Negra. Beatriz vai apresentar a exposição “Pra preto ver – a sensibilidade e o cotidiano a partir da perspectiva negra”, a partir desta quarta-feira (12) até o dia 27 de janeiro, de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h30, na Galeria Fenig, que fica na rua Governador Portela, 812, segundo andar, no Centro de Nova Iguaçu. A ação é da Prefeitura de Nova Iguaçu através da Fundação Educacional e Cultural de Nova Iguaçu (Fenig) com apoio da Secretaria Municipal de Cultura. A entrada é gratuita.

Nessa exposição, Beatriz busca retratar, majoritariamente, o cotidiano de pessoas negras. A artista destaca que é nisso que sente paz e calmaria, mesmo em tempos difíceis. Em suas obras, ela evoca através das expressões faciais, humanidade, sensibilidade e a fé, que o racismo sistêmico tenta apagar. Entre os destaques a obra intitulada “Carolina ontem e hoje”, uma homenagem à grande escritora Carolina Maria de Jesus, que revolucionou a literatura sobre o cotidiano ao retratar a vida das pessoas negras e pobres brasileiras com a mais perfeita riqueza textual e realística.

“As minhas pinturas colocaram para fora uma grande necessidade de fala. Foi na produção artística que eu expressei a falta, a alegria e a dor de ser uma pessoa negra em nosso país”, afirma Beatriz que, além da dedicação às artes plásticas, é professora de Língua Portuguesa e Redação há 10 anos na Baixada Fluminense, nas cidades de Nova Iguaçu, Queimados e Belford Roxo). Ela também está finalizando sua segunda licenciatura, agora em Artes Visuais. 

 “Eu me lembro que minha família sempre gostou muito de desenhar. Meu pai às vezes desenhava o rosto da minha mãe num domingo à tarde usando caneta Bic azul. Meu irmão adorava copiar desenhos de animes e minha mãe, Renildes, é até hoje artesã, gosta de pintar em tecido e faz crochê. As artes estão, para mim, num lugar muito sensível de descontração e fruição”, afirma Beatriz, de 31 anos, que começou a pintar com 13, estimulada pela professora de artes.

A artista Beatriz Chaves

“Um dia minha professora de artes do nono ano pediu que fizéssemos um trabalho em tela. Eu amei! Foi a minha primeira experiência nesse formato, antes eu apenas fazia cópias. A professora reparou que eu levava jeito para pintar pedras. Ela se empolgou e me direcionou para criar os claros e escuros, a composição, as cores para fazer limo nas pedras. Foi muito divertido!”, lembra a artista dos seus primeiros passos.

“A partir de 2020, durante a pandemia, mergulhei nas telas durante aquele momento trágico. Eu queria sentir o conforto que a arte me trazia, então comecei com a aquarela, uma técnica completamente nova para mim. Depois, fiquei na acrílica e na tinta a óleo. As minhas pinturas hoje me ajudam a me lembrar quem eu sou fora da correria do cotidiano.  Na verdade, não fomos criados para uma rotina exaustiva. Somos seres pensantes e criativos e, vez ou outra, precisamos nos lembrar disso para equilibrar nossa mente. Pintar para mim é uma catarse”, reflete Beatriz. 

Bia destaca que as suas principais referências são pessoas negras. “Quando pinto estou fazendo uma investigação sobre as nuances da coloração da pele, os formatos dos lábios. Faço isso não apenas para valorizar a aparência negra, mas também para entender quem eu sou, quais as minhas preferências. E, claro, por achar incrivelmente belo a nossa cor e a nossa fé”. 

A arte de Beatriz Chaves

Beatriz Chaves lembra que a Baixada Fluminense é composta majoritariamente por pessoas negras e, nesse sentido, trabalhos de artistas negras que falem sobre e exaltem os arquétipos negros e seu cotidiano são muito importantes para que todos possamos questionar o que leva ao afastamento de muitos sobre a história dos negros.

“Acredito que a arte tem o poder de comunicar e de despertar nas pessoas saberes que elas talvez não tenham percebido. Busco sempre fazer com que as minhas produções sejam instrumentos de valorização da cultura negra. Penso especialmente na valorização de mulheres negras que levantam todos os dias, muitas vezes sozinhas e caladas, para sustentar seus lares e filhos com força e dor, mas que, apesar da potência que carregam, são constantemente silenciadas. Desejo homenagear e comunicar a sensibilidade e a humanidade que essas mulheres têm, demonstrando carinho e afeto por elas, por todas nós”, finaliza Beatriz. 

Serviço:

Exposição: “Pra preto ver – a sensibilidade e o cotidiano a partir da perspectiva negra”, da artista plástica Beatriz Chaves

De 12 de novembro a 27 de janeiro – de segunda a sexta-feira

Horário: 9h às 16h30

Local: Galeria de Artes Fenig, rua Governador Portela, 812, segundo andar, no Centro de Nova Iguaçu

Entrada gratuita

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